quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Funcionalismo público: mais uma história

No seguimento dos posts do Miguel e da Cristina, também tenho uma história gira para contar sobre função pública. Mas aqui, por acaso, não assisti a uma grande incompetência por parte de funcionários públicos. Fui apenas mais uma vítima do sistema.

Acontece que, sensivelmente cinco dias antes da minha viagem para Nova Iorque, perdi o meu BI. Sim, a distracção corre no sangue da família Barros…

Tinha o passaporte e para viajar não precisava de mais, mas de qualquer forma tive de resolver o assunto, aproveitando o facto de estar in between jobs.

Ora, perdendo o BI necessitamos do quê? De uma certidão de nascimento, esse pedacinho de papel que atesta que existimos. E aqui começou a minha aventura. Onde posso então obter a bendita certidão? Havia várias vias, ultra modernas: Internet, Loja do Cidadão… (bem, afinal não havia várias, mas havia duas).

No entanto, nenhuma me servia, pois os prazos eram demasiado longos e eu queria ter o BI antes da viagem, não fosse acontecer alguma coisa (o quê, não sei bem, mas o "qualquer coisa" assusta-nos sempre muito).

Ainda fui à Loja do Cidadão, onde a senhora me informou que, se fosse à conservatória, tinha a certidão no próprio dia e por um preço mais adequado a um pedaço de papel. “Òptimo”, disse eu toda sorridente e optimista, “Então e onde é a conservatória?”. Marca-se aqui o fim da minha inocente e ingénua felicidade.

Para me dizer onde era, a senhora precisava de saber onde eu estava registada. Depois de alguns telefonemas à minha mãe, lá lhe disse. “Ah, para isso tem de ir à 5ª conservatória”.

Por acaso, e foi o que me salvou nesse dia, agora as conservatórias estão todas juntas, num prédio –maravilha, na Av. Da República. Lá fui eu à 5º conservatória.

E eis que não estou lá registada, surgindo mais um tête-à-tête:

Funcionária - “A sua mãe morava fora de Lisboa?”
Joana - “Sim”
Funcionária - “Então afinal é na conservatória 13”

Subo até à conservatória 13. Não estou lá registada. A pessoa que me atende não sabe dizer ao certo onde poderei estar registada. Segue-se outro diálogo:

Joana, meio desesperada – “Mas não faz ideia de onde poderei estar registada?”
Funcionária – “Às vezes as pessoas no seu caso estão registadas na conservatória 9”
Joana – “às vezes? Então e se não for o meu caso?”
Funcionária – “Olhe, vá tentando uma a uma!”

Aqui, já estava a imaginar-me, que nem os 12 Trabalhos de Asterix, a passar o dia de porta em porta no bendito do prédio. E já me dava por agradecida por estar tudo no mesmo sítio.

Por acaso, o meu registo estava mesmo naquela conservatória. Tratei de tudo, fui ao Areeiro e o BI ficou pedido.

Três dias depois encontrei o BI numa gaveta lá em casa.