segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Segurança Vs Liberdade

Ontem saiu a noticia de que um deputado do PSD (se não me engano, Manuel Botas), comparou a ASAE à PIDE. O Luis Filipe Menezes foi mais politicamente correcto, limitando-se a uma comparação com o FBI.

“Entram pelas feiras, armados, a revistarem comerciantes que podem não estar a cumprir a lei mas não são gangsters”.

Realmente, metia dó ver aquelas pessoas que vendem produtos roubados ou ilegais, cujos rendimentos não são declarados à Segurança Social, verem os seus bens apreendidos e serem questionadas sobre a sua actividade. Afinal, nem um “Godfather” têm, será que o seu crime é assim tão doloso?

Não nego os excessos que, como qualquer instituição com alguma autoridade, a ASAE tenha cometido. Ou venha a cometer. E sem dúvida que estes devem ser combatidos e punidos de forma eficaz quando acontecem.

Agora, acho ridículas as críticas que a oposição e a população em geral fazem a uma instituição que, de melhor ou pior forma, fiscaliza e protege os direitos do consumidor. Os meus direitos.

Já me disseram que nestas coisas a minha mentalidade não se encaixa com a mentalidade portuguesa. Que tenho uma forma de pensar muito nórdica, “à alemã”. E nem sempre é um elogio. Mas acho, sem dúvida, que há casos onde não pode haver flexibilidade. Mantendo, claro, o respeito pelos direitos fundamentais dos visados.

Insurgem-se vozes contra o desrespeito à tradição. Ora, se a tradição implica comer de uma panela que não é lavada há 20 anos, não sei se tenho vontade que ela seja respeitada.

Daqui faço a ponte para o eterno binómio Segurança Vs. Liberdade. Considero-me uma pessoa politicamente voltada para a Esquerda, mas neste ponto encontro-me ligeiramente mais à Direita.

Não me incomodam as câmaras em bancos, caixas de Multibanco, transportes públicos ou supermercados. Não conto fazer nada nestes sítios que seja demasiado vergonhoso para ser filmado e visto por terceiros. Obviamente que há limites.

E não me incomoda saber que anda para aí uma ASAE, talvez excessivamente zelosa por vezes, a fiscalizar quem não cumpre as regras, seja porque estas impedem que se mantenha uma tradição, fazem ganhar menos dinheiro ou, simplesmente, chateiam e obrigam as pessoas a moderar o seu comportamento em sociedade.

1 comentário:

Anónimo disse...

É tão bom ver as fundações da nossa nação a mudar. Aquelas que mais nos envergonham. A politica do empurra com a barriga e dos "brandos costumes". Temos coisas muito boas mas se não acordamos de vez para a realidade e fazemos algo para mudar, vamos passar a vida na mediocridade. O mundo mudou. A sociedade mudou. Já não se compadece com esse tipo de tradições. O tempo também está a mudar. Está mais quente. Também já estamos há muito tempo sem uma era glaciar. O tempo passa mas as pessoas pensam que o mundo iria ser sempre o mesmo ao longo de várias gerações. Estou a ver o meu país a mudar. Nem sempre para melhor mas muda. Ainda bem. É triste ver a oposição a vestir o papel de velho do restelo ou recorrer às atoardas bacocas para dizer que existem. Fiscalize-se como racionalidade mas venha de lá essa revolução! Luis