segunda-feira, 31 de março de 2008

Mudanças

Aqui há uns anos, era eu ainda uma feliz e inocente estudante, foi editado um famosíssimo livro, intitulado “Quem Mexeu no Meu Queijo”. Eu, juntamente com todos os elementos da minha família, recebi um exemplar, oferecido pelo meu tio Carlos, que desempenha cargos de direcção em empresas há largos anos.

Na altura, enquanto estudante, penso não ter passado da décima página (coisa rara em mim deixar um livro ainda no seu começo. Em meu abono, há que dizer que o livro teria umas 60 páginas, pelo que em termos de percentagem nem ficou assim muito mal).

Simplesmente, o livro não me disse nada. Falava do mundo do trabalho e em como a mudança era a única coisa certa nesta vida. Enquanto estudante académica, que aguarda confortavelmente a época dos exames, pouco interesse tive na coisa.

Hoje tenho alguma vontade de tirar esse livro da prateleira e lê-lo, na esperança de retirar alguma coisa útil, que me ajude a sobreviver na selva.

No espaço de 5 meses, vou mudar de novo de chefe. E mais uma vez, o aviso foi dado com curta antecedência. Faz parte, não há nada a fazer, bem sei.

Mas não deixa de ser assustador e inquietante pensar que, daqui a 15 dias, terei de lidar novamente com uma pessoa nova no meu dia-a-dia. Uma pessoa que influência directamente o meu trabalho.

E os mais próximos bem sabem como foi difícil adaptar-me à mudança da última vez. Parece que é quando eu me começo a sentir confortável com a maneira de funcionar das pessoas, quando começo a conseguir apreciar as suas qualidades e minimizar os seus defeitos, que as coisas dão uma volta de 180 graus.

E é claro que não ajuda à ansiedade continuar nesta empresa, onde já estou praticamente desde Julho, com uma paragem em Setembro por interesse deles, em trabalho temporário.

Para além da insegurança deste tipo de contratos, perco regalias valiosas – o seguro de saúde pela empresa (minimizado por uma mãe médica com bons conhecimentos) e as férias.

Porque de acordo com a mentalidade desta empresa, um trabalhador temporário, mesmo que esteja em funções há quase um ano, não deve trabalhar como os outros porque não tem direito a férias.

Resta o consolo, que não é pequeno, de sempre que um chefe parte, elogiar bastante o meu trabalho e garantir que deixei uma boa impressão. Frequentemente, tentam até procurar algo melhor para mim.

Raras vezes a mudança é fácil. Umas vezes é para melhor, outras para pior.
Tenho pensado muito em como vai ser o meu futuro, com um novo chefe e sem direitos que considero fundamentais à actividade de qualquer trabalhador.

Ando a tentar que a mudança seja para melhor. Ter algo a que me agarrar. Não sei se vou conseguir.

Mas sei que a mudança está a chegar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Hoje estou bem. Tenho um emprego numa das melhores empresas do país e do mundo. Tenha eu estômago para as coisas "corporate" e tenho uma carreira no mínimo interessante, vista a partir dos meus 31 anos.

Nem sempre foi assim. Não há espaço neste comment para dizer tanta coisa. Foram tempos de muitas mudanças. Nem sempre para melhor. Nem sempre intencionais. Herdei o espirito de risco do meu pai mas felizmente com mais cálculo que ele. A mudança, a revolução traz oportunidades. Foi assim que obtive uma das carreiras mais rápidas na minha empresa.

É engraçado ou ironico que um dos problemas que tenho hoje em dia é lidar com mais uma mudança que tarda em se mostrar boa ou má.

Ainda a semana passada tive uma proposta para uma mudança radical na carreira e fugi. Há uns anos atrás não teria fugido. Mas também hoje em dia, os degraus que tenho atrás de mim já são alguns e o tombo podia ser doloroso.

Estou apenas a falar de mim para dizer que também passei por aí. A mudança mete medo mas é boa. Ajuda-nos a aprender mesmo que o resultado seja mau. Aprendemos e passamos a ser melhores. Se somos melhores, a probabilidade de termos sucesso numa próxima mudança é maior.

A minha experiência diz-me que estás no caminho certo.

Bjs, Luis